Seguidores

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Escola dos Annales: A Introdução da "Mulher" na Historiografia



"O seguinte artigo ESCOLA DOS ANNALES: A INTRODUÇÃO DA “MULHER” NA HISTORIOGRAFIA pertence à Eliazar Lopes Damasceno¹ Eliseu dos Santos Lima², onde os mesmos têm por objetivo descrever e compreender o que foi a Escola dos Annales, enfatizando a terceira fase da geração, cuja qual houve profundas mudanças culturais e ideológicas dos intelectuais da época, além de abordar como ocorreu a introdução da mulher na historiografia, no entanto o presente artigo será dividido em partes, ou seja, a cada post será estudado um tópico do mesmo para que aos poucos querido leitor, você possa se familiarizar com o assunto. Boa leitura!!!"


Escola dos Annales: a introdução da "mulher" na historiografia

*     1º tópico: A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DOS ANNALES PARA A HISTORIOGRAFIA

A escola dos Annales foi um movimento que se deu por volta do século XIX, tendo como principal força motora para o êxito desta corrente historiográfica os idealizadores Lucien Febvre e Marc Bloch, que trouxeram para esse campo uma nova abordagem no que se refere ao estudo de história, resultando em um grande abalo nas já existentes correntes historiográficas da época, sendo elas: a positivista e a marxista. Até então, apesar de alguns historiadores estarem em lados opostos devido a filosofia de cada corrente supracitada, quando se tratava de defender a escrita dos fatos que para ambos seria determinante e merecedor de destaque no âmbito da historiografia, estes uniam forças e se dedicavam para que assim acontecesse da melhor forma possível.
No período em que foi criado, os Annales causou um profundo impacto nas chamadas corrente historiográfica tradicionais da época, tudo isso porque os propagadores desta nova abordagem vieram trazendo e fazendo algumas mudanças no antigo método de produzir a história, principalmente em suas narrativas que antes se faziam por meio de fatos marcantes, de ordem preferencial sócio-econômico e político que passaram a serem desvalorizadas com o pós Annales, tornando a forma de fazer história de uma forma diferenciada, através de problematização destes acontecimentos, levando-os ao questionamento pelos fundadores e seguidores desta nova corrente.
Marc Bloch e Lucien Febvre tinham um alvo mais amplo e não estavam consentindo com aquela idéia exclusivista das correntes historiográficas que se seguiam. Como já relatara estas correntes priorizavam casos de grande repercussão e a isso se limitava, enquanto Bloch e Febvre se relacionavam e buscavam uma integração com outras ciências, diferentes da história. Assim, viu-se então uma necessidade de fazer de forma não exclusivista, mas de integração, daí passa a se dar valor aos pequenos acontecimentos, e foi trilhando esse caminho, que os Annales procuraram uma integração com o social, não visto pelos historiadores das demais correntes historiográficas, como fatos merecedores de uma análise. Por fim surge a necessidade de fazê-lo ser conhecido através da escrita, e isso pode ser entendido quando são analisadas as diretrizes que marcam esse movimento, e uma delas segundo Peter Burke, é "a colaboração com outras disciplinas, tais como a geografia, a sociologia, a psicologia, a economia, a lingüística, a antropologia social ." (BURKE, 1991:12).
A escola dos Annales fora dividida por alguns estudiosos em três períodos distintos, desde o seu surgimento até onde as suas convicções já estavam mais sólidas, podendo ser entendida como primeira, segunda e terceira geração. A primeira geração que começa com os já citados Marc Bloch e Lucien Febvre inicia-se por volta de 1920, com os movimentos de renovação da historiografia e se prolongou até 1945. Para Burke esta fase "caracteriza-se por ser pequeno, radical e subversivo conduzindo uma guerra de guerrilhas contra a história tradicional, a história política e a historia dos eventos."(BURKE, 1991:12)
A segunda geração segundo Burke, foi uma fase com diferentes conceitos e novos métodos, tendo Fernand Braudel como líder. Na terceira geração, podemos dizer que, apesar da grande evolução, fora uma época difícil e conturbada, tudo porque a escola estava sendo liderada por uma administração fraca, o que resultou em sinais de desintegração por parte de alguns dos membros que a compunham e que "solaparam o projeto pelo retorno á história política á dos outros eventos" (BURKE,1991:79). Não obstante, houve aqueles que permaneceram levando o projeto á sério, e aquilo que os seus fundadores tinham como objetivo. Coube a esta geração ainda, introduzir a mulher á história, o que causou para a classe feminina um efeito muito grande, não somente naquele período, mas também alcançou até os dias atuais.
Sobre a fundação dos Annales existem várias idéias fundamentadas onde para Jacques Revel este movimento seria um "conjunto de estratégias, uma nova sensibilidade, uma atividade que demonstra pouca preocupação com as definições teóricas"¹, enquanto que o autor François Dosse, procura nos fazer entender que este movimento surgiu em um "contexto de questionamentos das certezas anteriores á segunda guerra [...] e não somente na evolução do historiador e seus discursos desvinculado da realidade" (DOSSE, 2003:37).
A escola dos Annales desde a sua criação ao seu apogeu causou especulações e grandes mudanças no campo histórico, onde segundo Dosse:
"os Annales propõe um alargamento do campo da história [...] acaba por orientar o interesse dos historiadores para outros horizontes: a natureza, a paisagem, a população e a demografia, as trocas os costumes..." (DOSSE, 2003:83).
Por tanto, diante do que foi visto podemos concluir que o processo histórico em que a Escola dos Annales se encontrou foi de grande importância para a nova dinâmica em que os fatos puderam ser passados, causando grandes transformações na forma em que estas narrativas eram realizadas, levando não somente a observação dos fatos, como também a discussão e questionamento sobre o ocorrido, além de ter dado grande contribuição para a inserção da mulher na historiografia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário